quinta-feira, 25 de maio de 2017

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Engenho de Açúcar no Brasil Colonial

 

O engenho de açúcar no Brasil colonial designa o local onde foi produzido o açúcar durante o período colonial. Ou seja, eram as fazendas que representavam a unidade de produção de açúcar.
Vale lembrar que os engenhos coloniais surgem no século XVI, quando tem início o segundo ciclo econômico do Brasil: o ciclo da cana-de-açúcar.

O ciclo da cana-de-açúcar foi a primeira atividade economicamente organizada do Brasil. teve início no Brasil colônia, na época em que foram criadas as capitanias hereditárias. A empresa açucareira brasileira foi durante os séculos XVI e XVII, a maior empresa agrícola do mundo ocidental. Mas foi no Nordeste do país, que a empresa atingiu seu grau maior de desenvolvimento, notadamente nos Estados de Pernambuco e Bahia, tornando assim o Nordeste como o centro dinâmico da vida social, política e econômica do Brasil.
As primeiras mudas chegaram da Europa em meados do século XVI. Os portugueses, colonizadores das terras pertencentes ao Brasil, já possuíam técnicas de plantio na medida que já cultivavam e produziam o produto em outras partes do mundo. nas ilhas atlânticas de Madeira e Açores, que também eram colonizadas por Portugal.

A primeira razão se deve ao fato de os portugueses já dominarem as técnicas de plantio da cana-de-açúcar. Além disso, o açúcar era um produto de grande aceitação na Europa e oferecia grande lucro. Por fim, também devemos destacar o clima e o solo brasileiro como dois fatores naturais que favoreciam esse tipo de atividade.

Estrutura dos Engenhos Coloniais

 Os engenhos de açúcar que existiram no Brasil durante o período colonial são um exemplo da cultura material.

 

Canavial: onde o açúcar era cultivado nas grandes extensões de terra denominadas de latifúndios. Ali começava o processo, ou seja, o plantio e a colheita do produto.

 
Depois da exploração do pau-brasil e a noção da escassez dos metais preciosos de fácil acesso, percebem o potencial do plantio nas ilhas e terras banhadas pelo Atlântico, e a partir do século XVI começa o processo de exploração do plantio da cana-de-açúcar.

 

  • Moenda: local para moer ou esmagar o produto utilizado principalmente, pela tração animal, onde era esmagado o caule e extraído o caldo da cana. Podiam também ter moendas que utilizavam a energia proveniente da água (moinho) ou ainda ela força humana: dos próprios escravos.

  • Casa das Caldeiras: aquecimento do produto em tachos de cobre.

  • Casa das Fornalhas: uma espécie de cozinha que abrigava grandes fornos que aqueciam o produto e o transformavam em melaço de cana.




  • Casa de Purgar: local onde era refinado o açúcar e finalizado o processo.

  • Plantações: Além dos canaviais, havia as plantações de subsistência (hortas), em que eram cultivados outros tipos de produtos (frutas, verduras e legumes) destinados à alimentação da população.
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A casa-grande


 residência do senhor de engenho, assobradada ou térrea e sempre bem imponente, constituía o centro de irradiação de toda a atividade econômica e social da propriedade. A casa-grande se completava com a capela, onde as pessoas da comunidade, aos domingos e dias santificados, reuniam-se para as cerimônias religiosas. Próximo se erguia a senzala, habitação dos escravos, classificados como "peças", que se contavam às centenas nos maiores engenhos. Os rios, vias de escoamento do açúcar, eram também com freqüência as únicas estradas de acesso: por eles vinham as toras que alimentavam as fornalhas do engenho e os gêneros e artigos manufaturados adquiridos alhures, como tecidos e louças, ferramentas e pregos, papel e tinta, barris de vinho ou de azeite.
  • Senzala: locais que abrigavam os escravos. Apresentam condições muito precárias, donde os escravos dormiam no chão de terra batida. Durante a noite, eles eram acorrentados para evitar a fuga.

      Construídas com barro, madeira, telha ou palha foram nomeadas por Joaquim Nabuco como “o grande pombal negro”. Elas existiram juntamente com a escravidão, ou seja, entre os séculos XVI e XIX. Além de abafadas (por possuírem poucas janelas cercadas com grades) também eram desconfortáveis pela grande quantidade de pessoas alojadas ali. No mais, não possuíam divisórias e os seus “habitantes” se viam obrigados a dormir no chão – quase sempre de terra batida, em alguns locais, com palha. Há registros de senzalas que possuíam tarimbas: tábuas de madeira posicionadas a mais ou menos três pés de distância do chão. Apesar da precariedade, os homens dormiam separados das mulheres e das crianças. 

  • Na parte exterior da construção a senzala possuía, à sua frente, o pelourinho – um tronco com corda utilizado para castigar os negros – e, aos fundos, sanitários primitivos feitos com barricadas de água cheias até a metade que eram esvaziados e limpos uma vez ao dia. Também há um fogão improvisado, utilizado pelos escravos para assar a própria comida – geralmente pesca e caça, ou sobras.
    Abertas até as dez horas da noite para convívio, ao som de uma espécie de campainha as senzalas eram trancadas e somente reabertas no dia seguinte, uma hora antes do início das tarefas diárias.






  • Açoites: Instrumento feito com tiras de couro para castigar; chicote, azorrague. 2. Golpe, chicotada que se dá com o açoite.












    Mordaça: método empregado nas minas de ouro para impedir que os escravos engolissem o metal.





    Correntes e guilhões    
    Fornalha: Onde os escravos acusados de crimes ou rebeliões eram castigados. Um imenso tacho era mantido aceso em brasa e ao redor em um pequeno espaço o escravo era colocado. A alta temperatura causava desidratação e desmaios, muitos eram queimados vivos.


    Troncos: Existiam dois tipos de castigos nos troncos: com o tronco em pé e com as mãos para cima e o outro com as mãos para baixo.




    "Nossa região ainda guarda muitas lembranças do período da escravidão, nos tempos dos senhores de engenhos. Muitas propriedades mantém ainda estruturas das casas grandes com datas de construção, outras foram destruídas pelo tempo e pelo descaso da falta do interesse cultura de manter viva a história local, que é um patrimônio do povo. O Engenho Gravatá, até o ano de 1998 mantinha em bom estado de conservação a senzala e a capela próximas a casa grande, imagem bem típica da época."

  • Capela: erigida para representar a religiosidade dos habitantes do engenho, sobretudo, dos portugueses. Local onde ocorriam as missas e as principais manifestações católicas (batismo, casamento, etc.). Vale lembrar que os escravos muitas vezes, eram obrigados a participarem dos cultos.
  • Casas de Trabalhadores Livres: pequenas e simples habitações onde viviam outros trabalhadores do engenho que não eram escravos, geralmente os fazendeiros que não possuíam recursos.
  • Curral: local que abrigava os animais usados nos engenhos, seja para o transporte (produtos e pessoas), nas moedas de tração animal ou para alimentação da população.
 como funcionavam os engenhos no período colonial 


O engenho, a grande propriedade produtora de açúcar, era constituído, basicamente, por dois grandes setores: o agrícola - formado pelos canaviais -, e o de beneficiamento - a casa-do-engenho, onde a cana-de-açúcar era transformada em açúcar e aguardente. 

 No engenho havia várias construções: a casa-grande, moradia do senhor e de sua família; a senzala, habitação dos escravos; a capela; e a casa do engenho. Esta abrigava todas as instalações destinadas ao preparo do açúcar: a moenda - onde se moía a cana para a extração do caldo (a garapa); as fornalhas - onde o caldo de cana era fervido e purificado em tachos de cobre; a casa de purgar - onde o açúcar era branqueado, separando-se o açúcar mascavo (escuro) do açúcar de melhor qualidade e depois posto para secar. Quando toda essa operação terminava, o produto era pesado e separado conforme a qualidade, e colocado em caixas de até 50 arrobas. Só então era exportado para a Europa. Muitos engenhos possuíam também destilarias para produzir a aguardente (cachaça), utilizada como escambo no tráfico de negros da África.

 A primeira leva de escravos negros que chega ao Brasil vem da Guiné, na expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530. A partir de 1559, o comércio negreiro se intensifica. A Coroa portuguesa autoriza cada senhor de engenho a comprar até 120 escravos por ano. Sudaneses são levados para a Bahia e bantus espalham-se pelo Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.


Canaviais, pastagens e lavoura de subsistência formavam as terras do engenho. Na lavoura destacava-se o cultivo da mandioca, do milho, do arroz e do feijão. Tais produtos eram cultivados para servir de alimento. Mas sua produção insuficiente não atendia às necessidades da população do engenho. Isto porque os senhores não se interessavam pelo cultivo. Consideravam os produtos de baixa lucratividade e prejudiciais ao espaço da lavoura açucareira, centro dos interesses da colonização. As demais atividades eram deixadas num segundo plano, ocasionando grande falta de alimentos e alta dos preços. Esse problema não atingia os senhores, que importavam os produtos da Europa para sua alimentação. 

A parte das terras do engenho destinada ao cultivo da cana - o canavial - era dividida em partidos, explorados ou não pelo proprietário. As terras não exploradas pelo senhor do engenho eram cedidas aos lavradores, obrigados a moer sua cana no engenho do proprietário, entregando-lhe a metade de sua produção, além de pagar o aluguel da terra usada (10% da produção). 
 
Você sabia?
No começo da colonização do Brasil (segunda metade do século XVI), a palavra engenho era usada para designar apenas as máquinas usadas na produção de açúcar.

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