INDICAÇÕES DE LIVROS DA HISTÓRIA DA PARAÍBA E DO MUNICÍPIO DE SANTA RITA.
A Presença dos Franciscanos na Paraíba, Através do Convento de Santo Antônio
Glauce Maria Navarro Burity
A cronologia é baseada no Livro dos Guardiães do Convento de Santo Antônio da Paraíba. Esta cronologia pode ser encontrado no livro "A presença dos Franciscanos na Paraíba através do Convento de Santo Antônio" de Glauce Maria Navarro Burity (1988/2008).
RESUMO
A construção do convento franciscano na Paraíba estendeu-se por quase 200 anos e seu ápice foi a decoração interna da nave principal concluída já na segunda metade do século XVIII ornada com luxuosos azulejos portugueses nas paredes e pinturas Trompe ("oei)no forro da nave centro nevrálgico da atuação franciscana ao norte de Pernambuco no período colonial, o Convento de Santo Antonio da Paraíba traz alegorias extremamente significativas para a compreensão da imagem que a congregação construia acerca de si e de sua atuação naquele mundo inópito dos trópicos selvagens constituindo-se em discurso visual, a pintura do teto da igreja conventual pode ser entendida como ferramenta de ordenação do mundo utilizadas na ação junto aos fieis da sede da Capitania como sistema simbólico que cristalizava os poderes e a estrutura colonial em imagens e exemplos edificantes a serem respeitados e seguidos pelos colonos.
Capa do livro HISTÓRIA DA PARAÍBA EM
QUADRINHOS (Pintura de Emir Ribeiro).
A Capitania Paraibana em seus primeiros
tempos(Pintura de Emir Ribeiro).
Acima: Rua das Trincheiras, na capital
Paraibana, no início do Século XX (Pintura de Emir Ribeiro).
Acima: ITABIRA, o fictício chefe indígena
Tabajara, que, em seus quadrinhos diários a partir de novembro de 1975, deu
início ao projeto História da Paraíba em quadrinhos (desenho de Emir
Ribeiro).
HISTÓRIA DA
PARAÍBA EM QUADRINHOS
Texto originalmente publicado no
Suplemento RETA FINAL - Vestibular 2005, do JORNAL DA PARAÍBA
RECOMENDADOS : História da Paraíba em
quadrinhos - Emilson Ribeiro e Emir Ribeiro
A literatura sobre a História paraibana é resumida, com
poucas publicações que, em geral, se restringem a esforços pessoais,
resultando em bons trabalhos, porém, com dificuldade de publicação e
distribuição.
O livro HISTÓRIA DA PARAÍBA EM QUADRINHOS preenche esta
lacuna apresentando um diferencial caro à atualidade: trata-se de um livro
escrito com a paixão de um poeta, o rigor de um escritor e, tornando ainda
mais rico o trabalho, com a pena de um artista.
Escrita pelo pesquisador e professor de História EMILSON
PONCE DE LEON RIBEIRO, inicialmente saiu em tiras, a partir de outubro de
1975, com a colaboração de seu filho EMIR LIMA RIBEIRO. Centrado ma história
(fictícia) de ITABIRA, chefe da tribo dos tabajaras, a história romanceada
prende o leitor, tornando mais prazerosa a descoberta pelos estudantes
leitores.
O mais importante e curioso, no entanto, é o rigor
histórico com que o Professor Emilson trata o texto. Tratando desde a
conquista do território até os dias atuais, sem cair na armadilha falsa e
incompetente da atualidade, mas analisando também os fatos da história
presente do estado e seu povo, o livro consegue manter a sequência
cronológica quando fala sobre a Capitania de Itamaracá, o ataque a
Tracunhaém, as expedições de exploração e ocupação do território, a questão
com os Potiguaras. A Invasão Holandesa, o pós-guerra, as revoluções de 1817
e 1824, e governo e morte de João Pessoa, os interventores e governantes.
Enfim, uma obra de referência para quem deseja conhecer mais sobre a
história do nosso estado.
Histórias da Paraíba
Autores
e análises sobre o século XIX
História da Paraíba por diversos autores. As origens do povo Paraibano à Paraíba e evolução Musical.
O nordeste aspectos gerais, Souza aspectos históricos e geográficos e etc,,,
Este livro aborda o processo de anexação da Capitania da Paraíba à de
Pernambuco, no século XVIII, no bojo da crise mais geral do sistema
capitalista europeu e da economia portuguesa, considerando, ainda, os
condicionantes internos da política administrativa empreendida pelo
Marquês de Pombal.
O tempo mostrou que a anexação da Capitania da Paraíba à de Pernambuco, em 1755, não fora uma solução adequada, uma vez que não houve sintomas de recuperação da Paraíba, mas pelo contrário. A sujeição só serviu para aprofundar os problemas da Capitania subalterna. A subordinação da Paraíba à Pernambuco abrangeu os aspectos políticos, econômicos e militares.
Em razão do que nos ocorreu, devemos estudar os nossos problemas no presente refletindo sobre a nossa formação histórica, porque só assim podemos compreender a nossa trajetória e dependência que não deixam de ser uma herança colonial.
O tempo mostrou que a anexação da Capitania da Paraíba à de Pernambuco, em 1755, não fora uma solução adequada, uma vez que não houve sintomas de recuperação da Paraíba, mas pelo contrário. A sujeição só serviu para aprofundar os problemas da Capitania subalterna. A subordinação da Paraíba à Pernambuco abrangeu os aspectos políticos, econômicos e militares.
Em razão do que nos ocorreu, devemos estudar os nossos problemas no presente refletindo sobre a nossa formação histórica, porque só assim podemos compreender a nossa trajetória e dependência que não deixam de ser uma herança colonial.
Vidas Paraibanas
Fernando Silveiras. Administradores da Paraíba entre 1582 a 1982.
Um bom livro.
Recomendo um bom livro.
Sobre a História da Paraíba.
Estudando a História da Paraíba:
uma coletânea de textos didáticos
A abordagem dos conteúdos foi direcionada aos alunos do ensino médico,
em cujo currículo a História da Paraíba está incluída, constituindo,
também, o atendimento a uma solicitação de muitos professores, no
sentido de suprir a necessidade de livros didáticos dessa disciplina.
Os textos, embora de diversos autores, apresentam características
comuns: refletem sobre a historiografia paraibana; apontam no sentido da
superação dos limites da história oficial; privilegiam o estudo de
temas considerados, até pouco tempo atrás, de "marginais" e procuram
abordar a História em sua multiplicidade temporal, relacionando passado e
presente.
A Escravidão na Paraíba Historiografia e História
Preconceitos e Racismo Numa produção cultural.
José Octavio
O Coqueiro é uma cultura nativa, portanto dispensa adubação e produz praticamente o não inteiro. Só não foi intensificada por falta de beneficiamento e exportação que valorizem o produto e a falta de estabilidade de preços desestimula a produção. Além disto, na mesma zona litorânea, concentra-se fortemente a prática pesqueira do estado.
Ainda próximo ao litoral (um pouco mais afastado da costa) encontramos área propícia para o cultivo de manga e jaca pelas excelentes condições de desenvolvimento destas frutas.
Desde os primórdios da colonização a várzea paraíbana tem sido explorada com a cana de açucar. Datam do século XVII cerca de vinte engenhos para processamento do açúcar, conferindo grandes somas à economia do estado.
Um erro crucial, porém, deu-se ao comercializar o produto com a praça do Recife, desaparecendo, assim a navegação direta da capital paraibana para a Europa. A dificuldade e os acréscimos com despesa de transporte, a distância da capital pernambucana, os embargos políticos da camada e da Companhia de Comércio, somados às inundações de alguns anos trouxeram grande prejuízo aos senhores de engenho.
Somente no século XIX houve sinais de uma pequena melhora, porém a abolição da escravatura desferiu um golpe mortal ao cultivo e comércio da cana de açúcar em solo paraibano. Somente nos últimos anos, com o desenvolvimento tecnológico e mecanização agrícola é que o cultivo voltou a ser viável.
Durante um certo tempo, a cultura do algodão chegou a competir com os engenhos de açúcar no número de escravos, nas construções e nos lucros, principalmente na época da guerra da secessão que interrompeu o trabalho agrícola nos EUA. O algodão tem uma longa história na Paraíba e foi, por muito tempo, a principal atividade econômica neste estado.
Segundo o autor, a Paraíba detém as melhores terras do planeta para o cultivo do algodão e, no seu tempo, era o estado que mais produzia algodão no Brasil.
Houve muito empenho dos governantes da época para incentivar e aprimorar o cultivo desta planta. Não se mediu esforços, também, para combater pragas naturais e protegê-la.
A Mandioca é cultivada na zona do Arisco. Apesar de ser paupérrima em elementos fertilizantes, esta zona é grande produtora desta cultura, pois embora desprovidos de minerais, é um solo propício aos tubérculos.
Porém, mais pobre ainda que o solo da zona do arisco é o solo da região do Taboleiro. Porém, graças a um arbusto nativo, o batiputá, seus moradores tem um meio de sobrevivência.
A caatinga é uma vasta zona de criação e nas fases de decadência da indústria algodoeira, a pecuária dominava a lavoura.
A tristeza da seca é e sempre foi o maior empecilho para um desenvolvimento maior desta prática rural. Além desta, o autor ainda alista a praga do carrapato, cujo combate é difícil.
Já naquela época, programas para construção de açudes, bem como o de silos para estocagem de comida e água, já haviam sido implementadas pelo então presidente Sólon de Lucena.
O planalto da Borborema permaneceu inexplorado por algum tempo, pela distância dos centros comerciais, mas ele apresenta tanto recursos para agricultura quanto para pecuária.
Com isto tudo, os processos arcaicos de preparo do terreno, conhecidos como broca e a queimada subsequente, foram alterando a exuberante riqueza natural paraibana. Quanto ao derrubamento das matas, grande parte das fazendas e propriedades rurais foram devastadas pela ação do homem. Havia, já naquela época, a preocupação com a necessidade de reflorestamento como meio de corrigir as disparidades do clima, além da vantagem econômica.
A população foi aumentando e juntamente com ela o crescimento das feiras, que tornaram-se os pólos de convergência para comércio dos produtos agrícolas – tanto os beneficiados, quanto in natura.
Já no século XVIII uma nova cultura surge na zona conhecida como Brejo paraibano: o café. Porém, uma praga conhecida como vermelho, condenaria esta atividade agrícola em pouco tempo. Outra atividade que surgira nesta região, mas de maneira tímida, é a plantação de fumo.
Toda a região brejeira presta-se e muito para o cultivo de cereais, porém a falta de transporte encarece e torna inviável esta atividade. Mais uma vez o autor faz comparações com políticas de incentivo para produção nos EUA, dando a entender seu descontentamento com a falta de iniciativas e implementação de tais práticas também em solo paraibano como forma de estimular os produtores locais a expandirem suas lavouras.
Outras iniciativas menores também são notadas pelo autor, como o cultivo da batata inglesa, da pimenta do reino, do bicho da seda, do mel, etc.
Por muito tempo, os produtos mais comercializados no sertão paraibano tem sido a farinha, a rapadura e cereais como feijão e milho.
O autor nos lembra ainda de outras atividades econômicas como o pastoreio, a curtição de peles, fabricação de cordas, extração de minérios, tudo isto na região do Cariri.
Lembra-nos também do fato dos bandeirantes paulistanos terem passagem pelo sertão, porém em nada influenciando ou alterando os hábitos daquela região.
Reserva algumas páginas deste capítulo para pormenorizar a importância da criação de gado bovino para a economia local, além de compartilhar detalhes e histórico desta atividade. Comenta de relance o surgimento da criação de ovelhas.
Outra planta relevante para a economia sertaneja é a carnaúba. Extremamente valiosa em termos de recursos oferecidos, aproveita-se praticamente tudo desta planta. Pelo que comenta, até trigo já foi cultivado em solo paraibano, mostrando assim a vasta possibilidade que estas terras oferecem.
Acertadamente, José Américo afirma que o fruto da economia está no aproveitamento racional da terra. O entrave, parece, fica por conta dos embargos.
A partir de então, José Américo faz um levantamento acurado da situação pecuária do estado. Ele descreve a realidade de cada município paraibano e o número de suas respectivas manadas, sempre encabeçadas pelo gado bovino (invariavelmente o maior número), depois equinos, asininos e muares, ovinos, caprinos e suínos.
Por fim, o aparecimento de novas tecnologias e equipamentos, acabou gerando grandes mudanças na economia paraibana. A mecanização da industria do algodão, a instalação da rede ferroviária e a chegada do automóvel começavam a mudar de uma vez para sempre o panorama sócio-econômico da região.
Ainda a introdução de tratores e máquinas pesadas para construção aliadas a novas engenharias possibilitou a construção estradas e dos grandes açudes, que visavam melhorar (ou sanar de vez) parte dos problemas enfrentados pelos produtores, como escassez de água e escoamento da produção.
No litoral, mais especificamente Cabedelo, a construção do porto permitiu a atracação de navios cargueiros de grande porte, integrado com um terminal ferroviário, facilitando assim a exportação dos produtos produzidos ao longo do estado.
Algumas medidas de cunho político também contribuíram para a melhoria da produção. Leis sancionadas naquela época incentivavam novas explorações, outras visavam resolver o problema do crédito agrícola, pois os agricultores dependiam de agiotas que chegavam a cobrar até 60% de juros ao ano.
Decretos criavam campos de zootecnia e escolas agrícolas, e a construção de armazéns gerais. O governo também criou prêmios de incentivo à produção e isenção de impostos para alavancar a agricultura e a agroindústria.
Mas após um ano fértil (1914) a crise financeira se instalou e a seca de 1915 acabou impossibilitando muitas destas medidas. Além do mais, muitas destas leis e ainda outras idéias tiveram suas práticas retardadas, por falta de uma propaganda eficiente.
Concluindo, José Américo faz um apelo empolgante por uma política voltada principalmente para a educação agrária, e de incentivos por parte dos governantes, elogiando algumas iniciativas da época e comparando com outros estados mais desenvolvidos.
Notamos claramente que o desejo ardente deste autor, era ver uma Paraíba afortunada, decorrente de uma produção intensa e remuneradora, para dignificação do sertanejo e enobrecimento dos nossos governantes.
Guerra dos Bárbaros :resistência indígena e conflitos no nordeste colonial. Recife: UFPE, 2002.
Escrito por Maria Idalina da Cruz Pires; relata que entre o final do século XVII e início do século XVII ocorreu um conflito armado conhecido como a guerra dos Bárbaros. A designação bárbaro foi imposta pelo colonizador aos índios que resistiam bravamente no nordeste colonial. Pires; Maria Idalina da Cruz. Guerra dos Bárbaros :resistência indígena e conflitos no nordeste colonial. Recife: UFPE, 2002.
A Escravidão na Paraíba Historiografia e História
Preconceitos e Racismo Numa produção cultural.
José Octavio
Como os historiadores e escritores paraibanos consideraram o negro e a escravidão ao longo do tempo?
Quais os verdadeiros níveis do escravismo na Paraíba, e como se processou a abolição?
Que autores compreenderam o relacionamento entre grande propriedade e trabalho escravo?
Tais questões, tratadas com rigor metodológico e espírito crítico, asseguram a
A ESCRAVIDÃO NA PARAÍBA - HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA.
Preconceito e, racismo cultural
de autoria do historiador Paraibano
José Octavio de Arruda Mello.
"Escritor prolífico e bem informado, o caráter de Fonte indispensável para compreensão da História e pensamento Social nordestino.
Quais os verdadeiros níveis do escravismo na Paraíba, e como se processou a abolição?
Que autores compreenderam o relacionamento entre grande propriedade e trabalho escravo?
Tais questões, tratadas com rigor metodológico e espírito crítico, asseguram a
A ESCRAVIDÃO NA PARAÍBA - HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA.
Preconceito e, racismo cultural
de autoria do historiador Paraibano
José Octavio de Arruda Mello.
"Escritor prolífico e bem informado, o caráter de Fonte indispensável para compreensão da História e pensamento Social nordestino.
A Paraíba e seus problemas
de José Américo de Almeida
ConseqUências sociais
José Américo inicia este capítulo mostrando que a população
predominante no sertão resultou do cruzamento ascendente entre índios e
portugueses, com pouca participação de afro-descendentes.
O autor demonstra através de censos demográficos passados como prova desta predominância mestiça mameluca.
Isto não exclui a parte mulata da população que, apesar de menor,
ainda se mostra significativa na zona rural, nos centros escravagistas
de quase todo o território estadual.
Já os traços cafuzos se perderam devido ao recruzamento.
Basicamente, a formação das cidades Paraibanas apresentam este perfil. Este perfil, comenta o autor, não nos deixa menos nobres.
Para conhecer a alma de um povo, é preciso observá-lo em sua jornada
de vida mais do que nos acontecimentos pontuais de sua história.
O contingente que, numa segunda leva, povoou nosso território não carregou consigo as manchas da primeira “colonização de degredados”.
Uma nova mentalidade marcada pela disciplina do trabalho e anseio de um novo destino suplantou a antiga e pioneira geração.
Por haver maior proximidade com a raça européia, notou-se, os
mamelucos apresentavam um equilíbrio maior do que os mestiços de brancos
e negros.
O autor ainda salienta a opinião de outros autores quanto ao resultado desta mestiçagem na população posterior.
Couto de Magalhães, por exemplo, salienta que esta mestiçagem
predominante do branco com o índio gerou uma raça excelente, marcada
pela desenvolvida faculdade mental do primeiro, somada à aguda
sensibilidade de sentidos e força física oriundas da segunda raça.
Outros, como Euclydes da Cunha, afirmam que a mistura de raças é
sempre decadente, e não herda nenhuma característica positiva de seus
ascendentes.
Ambas as opiniões, porém, são igualmente errôneas, embasadas apenas
numa observação superficial e de juízo tendencioso e duvidoso.
O autor defende que a idéia mais aceitável segue o princípio que
nenhuma das raças ascendentes tem ação exclusiva e determinante, mas que
sempre, um deles, fornecerá alguma ação preponderante, seja para um ou
outro traço dominante.
Assim, um filho pode herdar todas (ou quase todas) as características
de um lado da família, ou ainda uma ou outra característica mesclada de
seus ascendentes, seja positiva ou negativa, e assim sucede-se às
próximas gerações.
Além da genética, outro fator importante é a influência do meio.
Apesar da mestiçagem ser uma realidade na composição da população
brasileira, José Américo observa traços distintos na população
paraibana, fruto da somatória dos fatores acima descritos: “o sentimento
da família, a benevolência, o amor a gleba, o espírito de ordem, a
fortaleza de ânimo, e a dedicação ao trabalho.” Nota ainda outros traços
não tão nobres desta mistura: “vontade desorganizada por uma lamentável
imprevidência que alguns atribuem a herança moral dos selvagens (a
falta de senso econômico, do hábito de amealhar, e o descaso pelo dia de
amanhã que o leva a esbanjar em poucos meses todos os produtos de anos
prósperos, sem temor às crises inevitáveis).”
Ele ainda nos adverte que não podemos julgar a índole da população de
maneira generalizada, mas que devemos ter o cuidado de se distinguir os
diferentes grupos sociais que se formam como resultado de fatores
particulares a cada local.
Como diferença entre tipos urbanos, cita Campina Grande, que teve ao
longo da história, muito mais contato com a capital pernambucana do que
afinidade com a do próprio estado.
Entre os tipos rurais, comenta pelo menos três tipos bem distintos:
“o praieiro, o lavrador e o vaqueiro.” O autor discorre sobre as
características e dificuldades de cada grupo. De certo modo, cada um
representa uma das três regiões geográficas bem distintas da Paraíba:
zona da mata, agreste e serão.
Mas, em resumo, de tudo o que se observa, entende-se que a maioria
das peculiaridades notadas nestes grupos não são atribuídas tanto à
mistura das raças branca, índia e negra, mas sim às causas sociais e
pressão do meio em que vivem (influência do território e clima).
Sobretudo, observa, o sertanejo paraibano é um lutador. José Américo
coloca-o como um exemplar da raça: um povo com espírito próprio que não
teme as dificuldades da natureza hostil que o envolve.
Não obstante a severidade do meio que o solo e o clima lhe impingem, a
generosidade hospitaleira deste povo é patente. Talvez, justamente pelo
rigor que a natureza lhes impõe, é que se originou uma alma solidária e
persistentemente trabalhadora.
Lemos ainda sobre o proficiente caráter deste valente povo, que
soube tirar vantagem do meio em que vive. Esta qualidade levou a outras,
como habilidade e criatividade para enfrentar problemas, inteligência e
vontade de aprender.
Com tudo isto, o paraibano ainda contribuiu prolificamente para o
povoamento da nação. Entre secas e secas, diante de tantas vidas
ceifadas pela infelicidade do destino, tantas vezes a população
sertaneja se reconstituiu, demonstrando assim sua incomparável
tenacidade.
Porém, a mesma situação climática, acaba por gerar algumas lamúrias à
vida do corajoso sertanejo: lamento, dor, aflição, e não poucas vezes a
verem-se na obrigação de abandonar suas terras para ou perecer com sua
família pelo caminho ou, aqueles que conseguem, aventurarem-se nas
cidades.
Neste último caso, algumas variantes são observáveis: seja o pai de
família que tem seu orgulho quebrado ao precisar humilhar-se para pedir
ajuda a um povo pouco hospitaleiro, seja a filha que se entrega à
prostituição, seja a rendição ao alcoolismo ou o engajamento ao
banditismo dos homens da família.
Com respeito a este último evento o autor também reserva algumas
páginas. Não é o caso de um cangaço de grandes proporções, mas de ações e
criminalidade pontuais. Muitas vezes o primeiro crime é cometido por
algum preconceito comum ou simples vingança. Daí, se vê forçado a
persistir nesta vida delinqüente.
Por fim, o autor encerra citando dezenas de nomes de ilustres
paraibanos que, desde os primórdios de sua formação, é um estado que
contribuiu significativamente para as ciências, a arte e a política,
faculdades indispensáveis para o auxílio do crescimento e hegemonia de
nossa Nação.
CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS
Sendo que a economia do estado da Paraíba está quase que totalmente
calcada na agropecuária, os efeitos da seca (assim como o combate a) são
tidos como problemas de ordem econômica.
As diferentes culturas espalhadas pelos quase quinhentos quilômetros
de extensão do estado, estão divididos por zonas, de acordo com as
composições geológicas, às formas de terreno e a modalidade do clima.
Baseado na divisão que a Inspetoria Agrícola fez destas zonas, José
Américo discorre, uma a uma, sobre seu histórico, suas principais
características e cultivares, sempre enfatizando a relevância econômica
de cada cultura, bem como as conquistas e percalços ao longo da
história, e suas implicações financeiras em cada caso. Como segue:
- LITORAL
- Praia: Cultivo predominante de Coqueiro.
- Várzea: Propícia a plantação de Cana de açúcar.
- Caatinga litorânea: Zona de algodão de fibra curta..
- Arisco: Cultivo da mandioca.
- Taboleiro: Pomares de mangaba e batiputá.
- SERRA
- Brejo: Zona do café e do fumo
- Caatinga serrana: Zona de algodão e criação
- Agreste: Plantações de batata americana e fumo
- SERTÃO
- Caatinga sertaneja: região exclusiva de criação
- Várzea: Cultivo de algodão de fibra longa
O Coqueiro é uma cultura nativa, portanto dispensa adubação e produz praticamente o não inteiro. Só não foi intensificada por falta de beneficiamento e exportação que valorizem o produto e a falta de estabilidade de preços desestimula a produção. Além disto, na mesma zona litorânea, concentra-se fortemente a prática pesqueira do estado.
Ainda próximo ao litoral (um pouco mais afastado da costa) encontramos área propícia para o cultivo de manga e jaca pelas excelentes condições de desenvolvimento destas frutas.
Desde os primórdios da colonização a várzea paraíbana tem sido explorada com a cana de açucar. Datam do século XVII cerca de vinte engenhos para processamento do açúcar, conferindo grandes somas à economia do estado.
Um erro crucial, porém, deu-se ao comercializar o produto com a praça do Recife, desaparecendo, assim a navegação direta da capital paraibana para a Europa. A dificuldade e os acréscimos com despesa de transporte, a distância da capital pernambucana, os embargos políticos da camada e da Companhia de Comércio, somados às inundações de alguns anos trouxeram grande prejuízo aos senhores de engenho.
Somente no século XIX houve sinais de uma pequena melhora, porém a abolição da escravatura desferiu um golpe mortal ao cultivo e comércio da cana de açúcar em solo paraibano. Somente nos últimos anos, com o desenvolvimento tecnológico e mecanização agrícola é que o cultivo voltou a ser viável.
Durante um certo tempo, a cultura do algodão chegou a competir com os engenhos de açúcar no número de escravos, nas construções e nos lucros, principalmente na época da guerra da secessão que interrompeu o trabalho agrícola nos EUA. O algodão tem uma longa história na Paraíba e foi, por muito tempo, a principal atividade econômica neste estado.
Segundo o autor, a Paraíba detém as melhores terras do planeta para o cultivo do algodão e, no seu tempo, era o estado que mais produzia algodão no Brasil.
Houve muito empenho dos governantes da época para incentivar e aprimorar o cultivo desta planta. Não se mediu esforços, também, para combater pragas naturais e protegê-la.
A Mandioca é cultivada na zona do Arisco. Apesar de ser paupérrima em elementos fertilizantes, esta zona é grande produtora desta cultura, pois embora desprovidos de minerais, é um solo propício aos tubérculos.
Porém, mais pobre ainda que o solo da zona do arisco é o solo da região do Taboleiro. Porém, graças a um arbusto nativo, o batiputá, seus moradores tem um meio de sobrevivência.
A caatinga é uma vasta zona de criação e nas fases de decadência da indústria algodoeira, a pecuária dominava a lavoura.
A tristeza da seca é e sempre foi o maior empecilho para um desenvolvimento maior desta prática rural. Além desta, o autor ainda alista a praga do carrapato, cujo combate é difícil.
Já naquela época, programas para construção de açudes, bem como o de silos para estocagem de comida e água, já haviam sido implementadas pelo então presidente Sólon de Lucena.
O planalto da Borborema permaneceu inexplorado por algum tempo, pela distância dos centros comerciais, mas ele apresenta tanto recursos para agricultura quanto para pecuária.
Com isto tudo, os processos arcaicos de preparo do terreno, conhecidos como broca e a queimada subsequente, foram alterando a exuberante riqueza natural paraibana. Quanto ao derrubamento das matas, grande parte das fazendas e propriedades rurais foram devastadas pela ação do homem. Havia, já naquela época, a preocupação com a necessidade de reflorestamento como meio de corrigir as disparidades do clima, além da vantagem econômica.
A população foi aumentando e juntamente com ela o crescimento das feiras, que tornaram-se os pólos de convergência para comércio dos produtos agrícolas – tanto os beneficiados, quanto in natura.
Já no século XVIII uma nova cultura surge na zona conhecida como Brejo paraibano: o café. Porém, uma praga conhecida como vermelho, condenaria esta atividade agrícola em pouco tempo. Outra atividade que surgira nesta região, mas de maneira tímida, é a plantação de fumo.
Toda a região brejeira presta-se e muito para o cultivo de cereais, porém a falta de transporte encarece e torna inviável esta atividade. Mais uma vez o autor faz comparações com políticas de incentivo para produção nos EUA, dando a entender seu descontentamento com a falta de iniciativas e implementação de tais práticas também em solo paraibano como forma de estimular os produtores locais a expandirem suas lavouras.
Outras iniciativas menores também são notadas pelo autor, como o cultivo da batata inglesa, da pimenta do reino, do bicho da seda, do mel, etc.
Por muito tempo, os produtos mais comercializados no sertão paraibano tem sido a farinha, a rapadura e cereais como feijão e milho.
O autor nos lembra ainda de outras atividades econômicas como o pastoreio, a curtição de peles, fabricação de cordas, extração de minérios, tudo isto na região do Cariri.
Lembra-nos também do fato dos bandeirantes paulistanos terem passagem pelo sertão, porém em nada influenciando ou alterando os hábitos daquela região.
Reserva algumas páginas deste capítulo para pormenorizar a importância da criação de gado bovino para a economia local, além de compartilhar detalhes e histórico desta atividade. Comenta de relance o surgimento da criação de ovelhas.
Outra planta relevante para a economia sertaneja é a carnaúba. Extremamente valiosa em termos de recursos oferecidos, aproveita-se praticamente tudo desta planta. Pelo que comenta, até trigo já foi cultivado em solo paraibano, mostrando assim a vasta possibilidade que estas terras oferecem.
Acertadamente, José Américo afirma que o fruto da economia está no aproveitamento racional da terra. O entrave, parece, fica por conta dos embargos.
A partir de então, José Américo faz um levantamento acurado da situação pecuária do estado. Ele descreve a realidade de cada município paraibano e o número de suas respectivas manadas, sempre encabeçadas pelo gado bovino (invariavelmente o maior número), depois equinos, asininos e muares, ovinos, caprinos e suínos.
Por fim, o aparecimento de novas tecnologias e equipamentos, acabou gerando grandes mudanças na economia paraibana. A mecanização da industria do algodão, a instalação da rede ferroviária e a chegada do automóvel começavam a mudar de uma vez para sempre o panorama sócio-econômico da região.
Ainda a introdução de tratores e máquinas pesadas para construção aliadas a novas engenharias possibilitou a construção estradas e dos grandes açudes, que visavam melhorar (ou sanar de vez) parte dos problemas enfrentados pelos produtores, como escassez de água e escoamento da produção.
No litoral, mais especificamente Cabedelo, a construção do porto permitiu a atracação de navios cargueiros de grande porte, integrado com um terminal ferroviário, facilitando assim a exportação dos produtos produzidos ao longo do estado.
Algumas medidas de cunho político também contribuíram para a melhoria da produção. Leis sancionadas naquela época incentivavam novas explorações, outras visavam resolver o problema do crédito agrícola, pois os agricultores dependiam de agiotas que chegavam a cobrar até 60% de juros ao ano.
Decretos criavam campos de zootecnia e escolas agrícolas, e a construção de armazéns gerais. O governo também criou prêmios de incentivo à produção e isenção de impostos para alavancar a agricultura e a agroindústria.
Mas após um ano fértil (1914) a crise financeira se instalou e a seca de 1915 acabou impossibilitando muitas destas medidas. Além do mais, muitas destas leis e ainda outras idéias tiveram suas práticas retardadas, por falta de uma propaganda eficiente.
Concluindo, José Américo faz um apelo empolgante por uma política voltada principalmente para a educação agrária, e de incentivos por parte dos governantes, elogiando algumas iniciativas da época e comparando com outros estados mais desenvolvidos.
Notamos claramente que o desejo ardente deste autor, era ver uma Paraíba afortunada, decorrente de uma produção intensa e remuneradora, para dignificação do sertanejo e enobrecimento dos nossos governantes.
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